FORMAÇÃO CULTURAL E EDUCAÇÃO: ADORNO E A SEMIFORMAÇÃO Belkis Souza Bandeira1 Resumo: O trabalho pretende refletir alguns aspectos do conceito Formação Cultural(Bildung), desde o Iluminismo, abordado a partir de Kant e Hegel, até desembocar no que, contemporaneamente, veio a ser definido por Theodor Adorno como Semiformação (Halbbildung). Busca demonstrar com estes autores, a intrínseca relação entre Educação, Formação Cultural e Emancipação como processos que se entrelaçam. A partir de contribuições da obra de Kant, assim como de breve incursão na obra de Hegel, entende que, tanto o desejo kantiano de uma sociedade esclarecida, de homens emancipados, quanto a concepção hegeliana, que o trabalho fornece as bases do agir formativo, fomentam a convicção da idéia de Formação Cultural, como potencial emancipatório. Se a pretensão do Esclarecimento foi, pela luz da razão, atingir uma sociedade mais igualitária e justa, tendo como instrumento a Formação Cultural, este ideal não se cumpriu! A sociedade contemporânea, cada vez mais Esclarecida converte-se, na mais progressiva barbárie. O conceito de Formação Cultural não se constituiu como pretendia, e a sociedade passou de uma tutela a outra, em lugar da autoridade da bíblia, o poder do capital e a conseqüente mercantilização da sociedade, inclusive dos bens culturais. Sob a máscara de uma aparente integração fornecida às massas, bens de pseudo-formação cultural, ajudam a manter as diferenças mascarada, de uma sociedade nivelada psicossocialmente, mas não de uma maneira estrutural-objetiva. Quando a produção simbólica, própria do processo da cultura, se distancia do genuíno saber popular e aproxima-se dos interesses do mercado, convertida em mercadoria pela Industria Cultural, encontra-se as bases para consolidação do que, para Adorno, constitui o processo de semiformação (Halbbildung). Se por um lado aponta a dissolução da cultura enquanto potencial libertador, dispersa nos produtos distribuídos em massa pela Industria