Sociedade de controle
O objetivo inaudito das organizações empresariais reticulares é promover o assujeitamento consentido dos trabalhadores aos novos modelos de organização do trabalho por meio da normalização de comportamentos e da internalização de formas mais sutis, uídas e dispersas de controle social. Por isso, a exigência volta-se mais para a promoção do engajamento subjetivo do que para a submissão à hierarquia funcional. Entenda-se por isso a constituição de um dispositivo de poder que objetiva produzir um tipo de indivíduo em adequação à lógica da exibilização dos processos produtivos e das relações de trabalho ao mesmo tempo que promove níveis relativos de aumento de autonomia na tomada de decisões e na execução das tarefas.
A reprodução desse quadro confere certos níveis de desejabilidade ao discurso da responsabilização individual devido à incorporação de demandas por maior autonomia em relação às formas hierárquicas e autoritárias de manifestação do poder no mundo do trabalho. Esse discurso, por mais ideológico que seja, soa dotado de potencialidades que não se fazem sentidas em fábricas de inspiração estritamente taylorista. A