SOCIALISMO OU BARBÁRIE
Poderia começar esta apresentação dizendo que Rosa Luxemburgo is alive, and well and living in São Paulo. A prova é este livro de entrevistas concedidas a dois jovens universi- tários formados pela USP, militantes de movimentos sociais, Danilo César e Nicolau Bruno, o primeiro historiador, o segundo cineasta.
Tudo começou com uma proposta feita por Danilo durante as reuniões preparatórias para a inauguração da nova sede do Instituto Rosa Luxemburg Stiftung para que este finan- ciasse um documentário sobre Rosa Luxemburgo, a ser realizado por Nicolau Bruno, um co- nhecedor apaixonado da vida e da obra de Rosa. A proposta, bastante original, consistia em juntar entrevistas com estudiosos e/ou simpatizantes das idéias de Rosa, materiais de época, cenas de ficção com diálogos entre ela e seu amante Leo Jogiches, músicas, etc., visando a montar um painel histórico-político-biográfico sobre a revolucionária polonesa, do ponto de vista de dois jovens brasileiros de esquerda no começo do século XXI. Com esse intuito con- vidaram a igualmente jovem Georgette Fadel, atriz premiada do grupo paulistano Companhia São Jorge de Variedades, para interpretar Rosa. A idéia de Nicolau e Danilo era apresentar uma Rosa viva, não só do ponto de vista político, mas também em termos pessoais. Isso é possível na medida em que nas cartas aos amigos e amantes ela revela uma personalidade comple- xa, forjada no calor dos embates políticos e pessoais, compondo, assim, uma personagem romanesca de primeira grandeza que não por acaso tanto fascinou biógrafos, romancistas, teatrólogos, cineastas. Com o projeto do filme em mente, Nicolau, na entrevista a Isabel Lou- reiro, começa com uma série de perguntas sobre a vida pessoal de Rosa que podem parecer extemporâneas ao leitor desavisado, buscando entendê-la como indivíduo concreto e não apenas a personagem política mais ou menos conhecida de todos nós. Infelizmente, tempo e recursos escassos não permitiram por enquanto que esse