Sobre o nascimento da era Barroca
Até meados do século XV o mundo era um lugar dominado, domado. Geograficamente acreditava-se que tudo já se havia explorado. Politicamente, os homens se dividiam entre nobreza, súditos e clero; o sentido da vida, a narrativa da realidade era contada e realizada de maneira indubitável e inerte. O homem era prisioneiro do destino da casta em que nascera e mudanças não eram críveis. O paraíso eram rédeas.
O tempo lentamente passava e os homens melhores abastados começavam a se deparar com um detalhe persistente na história da humanidade e que passava por um momento de reinvenção: o desconhecido. Antes a narrativa da vida era esclarecida pelas igrejas, que por sua vez usufruíam do pensamento filosófico e (quase)científico da época para alimentar as mentes dos sujeitos a ela contemporâneos alegando a condição superior de Deus e dos Governantes assim como o papel de ministro da verdade ocupado pela própria Igreja que se colocava desta forma no último escalão da hierarquia social e, consequentemente, cultural. Pensamento este baseado na teoria da cosmologia aristotélica.
Todavia começavam a surgir grupos contingentes no mundo, círculos de pessoas que ficavam entre a nobreza e os vassalos e não eram diretamente do clero, apesar de serem incapazes de negá-lo completamente. A partir disso passa a germinar na Europa ideias de contestação às verdades tomadas até então, sobretudo pela igreja, que era o órgão que respaldava todas as outras verdades. Em uma aliança entre interesses políticos e uma corrente de contestação filosófica à Igreja Católica nasce a Contrarreforma, movimento encabeçado por Martinho Lutero. Outro grupo importante que nasce bem antes da Contrarreforma, porém que traz consequências imensuráveis à tona durante todo o restante do século mudando o equilíbrio até então alcançado foi a Escola de Sagres, uma grande responsável pelo descobrimento do Novo Mundo e do fim da ideia de finitude intensamente explorada pela