Sobre O Devir Crian A Ou Discursos Sobre As Infancias
Leni Vieira Dornelles
Resumo:
Discutir o tema que versa sobre as infâncias carrega consigo o paradoxo que atravessa a relação entre o novo e velho fantasma das histórias e Acontecimentos que tratam deste momento da vida das crianças. É sobre o devir-criança ou dos discursos sobre infâncias que tratarei de discutir na Comunicação do V Colóquio Internacional de Filosofia da
Educação. Para tal, busco entender como os discursos que constituem as infâncias se apresentam hoje. Trato de uma ordem discursiva a partir de Foucault (2000), quando afirma que a ordem dos discursos, no caso, aqueles que produzem os infantis, referemse não às palavras, mas aos poderes que o envolvem, ao que é controlado, interditado, regulado em diferentes lugares. Como cada sociedade enuncia a infância que lhe convém, que lhe é interessante, penso acerca da desconstrução dos discursos sobre as infâncias, ou seja, daquilo que eles nos possibilitam desfazer sem nunca destruir, ferir ou desmanchar a força ou necessidade de uma ação. Reinterpretar as infâncias fazendo transbordá-las de significados, na tentativa de mostrá-las como uma outra possibilidade de viver e, viver de outra forma o ser criança. Para tanto reflito sobre as diferentes infâncias que emergem na atualidade, buscando desconstruir conceitos que perfazem os discursos que as inventam, por exemplo, infâncias daguerra, dadisciplina, dareligiosidade, dotrabalho,
doperigo,
darua,
daciberinfância,
dosbonecos
e
dosbrinquedos. Ao descontruir tais discursos, problematizo a fabricação do sujeito infantil e sua imersão no jogo entre infância e poder. Trato destas infâncias como produto de uma trama histórica, cultural e social na qual o adulto que com ela convive busca gerenciá-la através da produção de saberes e poderes. Encerro este texto questionando: quais as possibilidades que as crianças têm hoje de constituir seu criançar, seu devir-criança?
Palavras-chaves: infâncias,