Sobre Comunidade
Ronaldo Lisboa Gomes
Nascido em Viena no ano de 1878 e falecido em 1965, Martin Buber era conhecido por ser o autor da “filosofia do diálogo”, uma forma de existencialismo centrado na distinção entre o Eu-Tu. Buber era judeu e rompeu os costumes judaicos para prosseguir com os estudos filosóficos, em 1923, escreveu um famoso ensaio sobre a existência chamado Ich und Du (Eu e tu). Em 1930 tornou-se professor honorário da Universidade de Frankfurt mas renunciou de sua cátedra quando Hitler chegou ao poder em 1933. Em 1938, Buber deixou a Alemanha e se estabeleceu em Israel, onde recebeu uma cátedra na Universidade Hebraica de palestras em antropologia e de introdução a sociologia, onde produziu boa parte de suas obras e proferiu algumas das diversas palestras contidas no livro Sobre Comunidade. Na conferencia de 24 de janeiro de 1931, intitulada Individuo e Pessoa – Massa e Comunidade.
Logo de inicio, nos deparamos com uma analogia que a priori pode parecer ridícula, Buber conta sobre sua experiência ao observar no microscópio uma pequena partícula retirada do coração de um embrião de galinha, onde a partícula – aparentemente morta e inanimada – possui movimento próprio. Ao contrário do movimento de um coração, a partícula possuía movimentos irregulares, ao ser retirada de seu organismo próprio, ela ganhou autonomia. Esta partícula de coração adquiriu, por assim dizer, uma biografia, como uma pessoa. Ela se tornou um individuo com uma historia de vida.(Martin Buber, p.104)
A partir do relato de Buber, devemos atentar o quão análoga é a experiência com relação aos seres humanos, quem quando retirados de um todo social, seja de uma sociedade de notória importância para o ser, de um Estado ou até mesmo de uma nação, por forças alheias a sua vontade, tendem a procurar caminhos para que possam novamente criar vínculos e fazer parte daquele todo do qual foram destituídos.
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