Sobre Arte e Artistas

Não existe Arte com A maiúsculo, existem somente artistas. Não há razões erradas para se gostar de uma obra de arte. O nosso agrado ou desagrado é influenciado por nossas recordações, e não há nada de errado se somos influenciados por uma lembrança a gostar de uma determinada obra. O perigo reside quando uma dessas recordações seja motivo para aversão a uma obra, nos tornando preconceituosos e estragando o prazer da fruição dessa obra.
A beleza de um quadro não reside na beleza de seu tema, até mesmo porque gostos e padrões de beleza variam no tempo e no espaço. O que ocorre com a beleza também é valido para a expressão. Algumas pessoas preferem uma expressão que as comova profundamente desprezado obras que tenham expressão de entendimento menos fácil. O apresso pela precisão, por pormenores que pareçam reais, embora seja válido, não pode ser motivo para impedir a apreciação de obras que consigam sintetizar em poucos traços características marcantes do objeto retratado.
Falhas de exatidão, apontadas principalmente na arte moderna, não podem ser interpretadas como incapacidade do artista na reprodução da realidade, essas alterações na aparência daquilo que é retratado são meios que os artistas dispõem de expressar algo de modo mais enfático. Ao assistirmos um desenho animado ou ao lermos histórias em quadrinhos, penetramos no universo dessas formas de expressão e não impedimos que o nosso apreço pelo real seja motivo de preconceito. Não rejeitamos Mickey Mouse por ele não se parecer com um rato real.
Outro motivo que comumente nos impede de apreciarmos os objetos artísticos é o hábito de pensar que a natureza deve se parece sempre com as imagens a que nos acostumamos. Antes do aprimoramento da fotografia era comum a representação do galope dos cavalos com as patas esticadas quando nenhuma delas tocava o solo. Tal representação se cristalizou no imaginário das pessoas, que mesmo após a comprovação através de imagens fotográficas de que o vôo se dá no instante em