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VIOLET:
SE A VIDA NÃO TINHA LHE SORRIDO QUANDO ELA ESTAVA ENTRE OS VIVOS por que seria diferente agora que ela não tinha espaço no mundo e estava praticamente enfurnada em um limbo eterno? Desde a morte de todos os Harmons, a casa tinha ficado terrivelmente silenciada em sua própria dor. Os pais de Violet haviam encerrado o período de novos moradores e aquilo tinha sido uma escolha muito cruel diante dos olhos dela. A primogênita do casal até pode conviver com a breve ilusão de vida feliz, porém a realidade não tardou a bater em sua porta e afundá-la na certeza plena de que eles estavam mortos. Não só mortos, mas perdidos em um dia eterno que jamais teria fim. Ela enxergava os dias, as noites... Quantas estações haveriam? E embora Moira lhe contasse sobre a tão sonhada noite de Halloween, a sensação torpe de que ela jamais poderia sair daquele convívio doloroso entre os fantasmas não tardou a lhe trazer arrependimento e algum tipo de remorso. Era uma sensação gelada e inquietante, sempre presente. Mesmo que ela tentasse seguir o fluxo daquilo que eles chamavam de "nova vida", não havia quem pudesse fazê-la acreditar que estava tudo bem. Havia se negado a viver aquela mentira depois que a realidade bateu à sua porta. Quem estavam enganando? Não podiam simplesmente comemorar o Natal ou ter jantares como se ainda fossem uma família. Não podiam ignorar a realidade pesarosa de que havia outros fantasmas naquela casa, carregados em sofrimentos e perdidos em suas vivências passadas. Não podia fechar os olhos e esquecer que tinha um irmão que choraria para sempre, porque ele estava morto desde o dia de seu nascimento. E, mais do que isso, não podia esconder que - embora Tate tivesse ferido-a com todos os espinhos do mundo - ele havia sido o motivo de todas aquelas mortes. Mais do que isso, ele tinha sido o parceiro de crime para a sua morte. O suicídio tinha assinalado pela promessa de eternidade, a vida