Sniper Americano Critica
Chris Kyle (Bradley Cooper) matou mais de 150 pessoas nos cerca de dez anos em que serviu os Estados Unidos na guerra contra o terror. Texano, cowboy, ele foi criado pelo pai para acreditar que dentre três tipos de pessoas existentes no mundo, os lobos, as ovelhas e os cães pastores, deveria fazer parte do último grupo, dedicar-se à proteção, erradicar o mal e ter como principal propósito a busca pelo bem. Por isso, não hesita quando surge a oportunidade de alistar-se. Acha que assim está indo ao encontro de um objetivo maior, colocando sua vida sob a tutela de uma nação que, a bem da verdade, não faz cerimônia para mandar seus jovens a territórios hostis, com finalidades nem sempre claras. Chris, esse herói norte-americano, é o personagem principal de Sniper Americano, mais recente filme de Clint Eastwood. O dilema moral da primeira cena – matar ou não uma mulher e uma criança para cumprir o dever – não se repete com frequência, ou seja, estamos num terreno em que os sentimentos do protagonista, embora ainda resistentes, estão bastante entorpecidos, além da própria formação, pelo treinamento militar cujo propósito é justamente transformar humanos em máquinas de matar. Um atirador de elite como Chris deve apenas pensar em termos de precisão, focar-se completamente na missão, puxar o gatilho para eliminar o inimigo. Do alto dos prédios, abatendo alvos incessantemente, ele garante a segurança dos colegas e logo vira lenda. Paralelo à guerra, há a vida pessoal. Chris é casado, mas a ausência faz com que sua relação se dê em meio à saudade e o desgosto da esposa Taya (Sienna Miller). Nesse terreno familiar, Clint mostra os efeitos devastadores do pós-guerra, afinal de contas dificilmente sai-se ileso, emocional ou fisicamente, de algo assim. Se no campo de batalha todo cuidado é pouco e a vigilância precisa ser constante, de volta ao lar qualquer barulho pode ser confundido com ameaça. Com Chris não é diferente, e mais, ele parece não