avaliaão de ciencias
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A CRISE UCRANIANA E SUAS IMPLICAÇÕES
PARA AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
The Ukrainian Crisis and its implications to International
Relations
Fabiano Mielniczuk 1
Introdução
Desde o fim da guerra fria, o Ocidente, representado pela OTAN e pela UE, iniciou sua expansão para a área de influência da antiga URSS. A justificativa oficial baseava-se na hipótese de que a segurança do continente dependeria da implementação de regimes com democracia política e economia de mercado na região, tendo em vista que ―democracias não lutam contra democracias‖. Todavia, na prática, o processo de expansão representou a manutenção das políticas de contenção à URSS aplicadas agora à Rússia, uma vez que esse país foi deixado de fora dos arranjos institucionais pensados pelos ocidentais. Aliada a uma grave crise econômica dos anos 1990, tal exclusão fomentou o antiocidentalismo na população russa, sentimento importante para se entender a legitimidade de iniciativas antagônicas aos interesses ocidentais por parte de seu governo (ARBATOV 1993; LYNCH 2001; MIELNICZUK 2014).
Desde sua independência a Ucrânia soube se valer de sua posição intermediária, e utilizou a Europa e os EUA para contrabalançar a influência russa e a Rússia para contrabalançar a influência dos ocidentais. Rússia e Ucrânia quase entraram em guerra nos anos 1990 devido aos movimentos separatistas da Criméia e às disputas em torno da base militar de Sevastopol e do arsenal nuclear, ambos legados da URSS (SIMONSEN
2000). Nesse período, o apoio dos europeus e dos norte-americanos foi fundamental
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Doutor em Relações Internacionais pelo IRI/PUC-Rio, Diretor da Audiplo: Educação e Relações
Internacionais, Pesquisador do Grupo de Pesquisas sobre Potencias Médias (PUC-Minas) e professor da
Uniritter (Porto Alegre). Email: fpmiel@gmail.com.
Revista Conjuntura Austral | ISSN: 2178-8839 | Vol. 5, nº. 23 | Abr. Mai. 2014
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