Sintra
- Em pleno século XIX, a vila era ponto de encontro para os casais apaixonados, sobretudo aqueles que, segundo a mesma sociedade, não o deveriam ser. Esta escolha por parte das pessoas devia-se ao facto de Sintra ser tanto afastada como próxima de Lisboa, ou seja, era suficientemente longe dos olhares críticos mas continuava perto da capital. Temos o exemplo da estadia de Eusebiozinho e do jornalista Palma Cavalão no hotel Nunes, acompanhados por duas espanholas.
- Palácios majestosos relembram tempos românticos e Sintra era um lugar mágico, que deixava na memória dos Homens que por ali vagueavam uma enorme vontade de voltar. Voltar para respirar as neblinas misteriosas, para encantar o olhar com jogos de cores, brilhos e formas da Natureza, para sentir que têm alma e que aquele não é um simples lugar, mas o único que nos fala, que nos inspira e que nos leva para um mundo transcendente do sonho.
- Ficamos impressionados com a forma como a Serra de Sintra é descrita, através do olhar transparente, quase fotográfico, de Eça de Queirós. Este paraíso romântico por excelência atrai as personagens d' Os Maias, onde se retemperam as forças e o espírito. - O Palácio da Vila representa a austeridade, que relembra o Ramalhete e consequentemente Afonso e o Palácio da Pena, solitário no meio da serra como que perdido na paisagem romântica, associa-se lindamente a Pedro. O Palácio de Seteais, abandonado, remete para a imagem do Ramalhete no final da obra após dez anos de abandono e a riqueza paisagística de Sintra lembra Santa Olávia. - Sintra representa, para a aristocracia lisboeta, um espaço digno da sua presença, uma elevada ociosidade numa sociedade burguesa já por si ociosa, um local para fugir ao espírito urbanizado das cidades e visitar edifícios esbeltos. O Nunes, embora não tão preferido como a