Sincretismo e dupla pertença
No Brasil, o sincretismo e a dupla pertença religiosa é um fenômeno bastante comum, mas é especialmente relevante na Bahia, onde buscou-se adaptar nas crenças de religiões tradicionais africanas os rituais da fé Católica, religião predominante no Brasil. Segundo José Beniste, "valeu como poderosa arma para os negros manterem suas tradições. Sem isso, provavelmente, nem mesmo teriam podido manter os traços religiosos que ainda hoje se conservam". O trabalho a seguir, mostrará não apenas as características do sincretismo e da dupla pertença, mas também como diferencia-los, pois apesar de semelhantes há uma pequena diferença fundamental, em sua forma de ser vivenciado.
Sincretismo religioso
Sincretismo é a fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças religiosas quanto nas filosóficas. Na história das religiões, o sincretismo é uma fusão de concepções religiosas diferentes ou a influência exercida por uma religião nas práticas de uma outra. No Brasil o sincretismo religioso é uma prática bastante comum. Mas tudo começou a partir do ano de 1500, quando o território brasileiro tornou-se palco para o encontro de três grandes tradições culturais: a ameríndia, nativa da terra; a européia, trazida pelos colonizadores portugueses e mais tarde a africana, trazida pelos escravos bantos e sudaneses. Um encontro que foi desde o início marcado pela imposição da cultura européia às populações indígenas e africanas, refletida, principalmente, na imposição da cristã da Igreja Católica Apostólica Romana a esses dois grupos. Na tentativa de preservação dos princípios e práticas religiosas indígenas e africanas, por meio da conciliação com os princípios e práticas católicas, acabaram levando ao nascimento de várias manifestações sincréticas em solo brasileiro, únicas no mundo, algumas delas existentes até os dias de hoje. Esta mescla de crenças, crendices, conceitos é algo natural, uma adaptação de acordo com