Simple Present
L. A.Tckeskiss
Lição V: O Materialismo Francês e a Filosofia Crítica de Kant
Caracterizamos a diferença entre o idealismo e o materialismo em sua formação e desenvolvimento histórico. Apontamos seus defeitos e virtudes; vimos aonde ambos podiam levar e onde chegaram. Agora deter-nos-emos no desenvolvimento do materialismo e idealismo nos últimos tempos: — no materialismo do século XVIII e no idealismo da filosofia critica de Kant.
Os materialistas do século XVIII, que já estavam mais ligados à ciência progressista e já tinham atrás de si mais experiências que os materialistas das gerações passadas, já se detinham mais no estudo das leis da natureza, e a idéia de que tudo obedece a leis começou a dominar na filosofia materialista. As ciências naturais já tinham então alcançado um certo grau no seu desenvolvimento, e o materialismo já tinha alguma coisa em que se basear. Uma vez determinado que todos os fenômenos naturais se realizam obedecendo a certas leis, o materialismo chegou à conclusão de que o homem e suas atividades devem também ser o resultado de outras tantas leis naturais. Partindo desse principio, o materialismo francês do século XVIII criticou asperamente a concepção teológica do mundo, e provocou deste modo uma seria revolução nas idéias das camadas mais intelectuais da sociedade; tornou-se a filosofia da nova classe, — a burguesia, que lutava para arrancar o poder das mãos da classe feudal, sendo esta apoiada pelo clero, ambas as quais perturbavam o desenvolvimento da ciência.
Firmada assim a idéia, ou principio do determinismo (obediência as leis), o materialismo procurou estabelecer as mesmas bases para a vida social, à semelhança do que observará nos fenômenos naturais.
Para materialistas como Helvetius e Diderot, por exemplo, a idéia de necessidade histórica já era evidente. Para eles devia ser formulada uma outra questão: — seria possível modificar as formas sociais existentes? Poderemos