Silvia E Isis Trabalho
“Três transformações do espírito vos menciono: como o espírito se muda em camelo, e o camelo em leão, e o leão, finalmente em criança.”
A primeira fase é a do camelo, na qual as pessoas submetem-se ás eis e fazem o que lhe mandam, mesmo que por dentro reclamem, mesmo que isso lhes doa, e incomode.
Na segunda fase, a do leão, o homem rebela-se, e solta toda a sua agressividade (como fez o próprio Nietzsche), contra a ordem estabelecida.
Já na terceira fase, depois de conquistada a sua posição suprema, o super-homem não tem mais raiva: apenas compaixão (um tanto fingida) dos outros. Finalmente transformou-se num gigante, e já não tem colegas. É como se ele fosse Deus. O que lhe resta fazer? Brincar, deliciar-se com o mundo como um menino chutando sua bola de futebol.
Quando alguém nos manda fazer algo ou simplesmente vemos que esse algo é nosso dever, uma primeira reação pode ser a do camelo, que pensa “Oh que dureza! Vou ter mesmo que fazer isso? Queria escapar, mas parece que não tenho outra escolha: vou ter que, mesmo não querendo “ As tarefas empreendidas com esse espírito são de fato pesadas e parecem que não vão acabar nunca, por isso fazemos de qualquer jeito, sem capricho, e o serviço é abandonado assim que param de cobrar.
Perante o que nos pede, ou perante os nossos deveres, cabe uma segunda fase: a do leão. Questionamos o que está mandando, exigimos explicações, e pensamos seriamente se vamos ou não aceitar aquilo, sem medo de enfrentar as consequências.
O terceiro enfoque, o mais inteligente de todos, é o seguinte: não levar em conta apenas a coisa que nos mandaram fazer mas, principalmente quem é que nos mandou fazer aquilo. Se quem está mandando não merece muito a nossa confiança , é obvio que temos toda a razão para ficarmos precavidos e não sermos enganados. Mas se o mandante é alguém que merece toda nossa confiança, então devemos por mãos á obra( mesmo que doa muito).