Silkroad
Por Luciano Ventura
MORE, Thomas. Utopia. – São Paulo: Abril Cultural, 1972 (Coleção Os Pensadores – Volume X)
Em Utopia, Thomas More conta, por meio de uma narrativa empreendida pela personagem Rafael Hitlodeu, sobre a existência de uma república que, segundo seu ponto de vista, seria a única nação realmente merecedora deste título.
Após More situar o leitor no tempo e no espaço, falando que a viagem à Flandres, na qual teria conhecido Rafael Hitlodeu, sua própria personagem dentro da trama, fora conseqüência da necessidade de mediar uma contenda entre o rei inglês Henrique VIII e Carlos, o príncipe de Castela, ele apresenta as personagens que fazem parte de seu texto.
Com maior relevância, percebemos Rafael Hitlodeu, um experimentado viajante português que participara de algumas aventuras em companhia do célebre navegador italiano Américo Vespúcio, e Pedro Gil, o amigo em comum que fora responsável pela apresentação de Rafael a Thomas: criatura e criador.
Após um primeiro contato, suficiente para que More se desse conta da grande sabedoria da qual Rafael era portador, aquele afirma que este seria de grande valia na corte de qualquer rei. Mas Hitlodeu reage negativamente afirmando que os monarcas são cercados por interesses diversos do bem público e que seus conselhos não surtiriam efeito em meio a estas pessoas. Em face à insistência de More, Rafael descreve como reagiriam os príncipes e seus conselheiros diante de opiniões que recomendassem o abandono da ambição territorial, do luxo excessivo e da futilidade que permeava a conduta da nobreza. Para exemplificar, passa a narrar algumas de suas experiências, dentre elas, um debate à mesa do clérigo John Morton, protagonizado por ele próprio e alguém por ele descrito como um bufão.
O debate por ele descrito ter-se-ia motivado pelos elogios declamados pelo citado fanfarrão às leis inglesas que condenavam ao enforcamento mesmo aqueles que praticavam pequenos