Silent Hill
Silent Hill, lugar de silêncio, do não dito no próprio nome, distopia onde o domínio da pulsão mal dita regras de deslocamento e condensação a serviço do princípio do prazer.
A princípio, Silent Hill poderia ser tomado como apresentação a mais banal possível do inconsciente, figuração da 1ª tópica freudiana, como se vê quando os membros da família Da Silva ocupam os mesmos lugares ao mesmo tempo em dimensões diferentes e sem jamais se encontrar, fio que atravessa o filme sem se tornar ciranda.
Aliás, o imaginário popular permeia todo o filme, desde a policial como símbolo de proteção até a ficção sobre males hereditários de filhos adotivos, passando pelo silêncio comum a muitas adoções mesmo quando a história biológica da criança é conhecida. História recalcada, como a da criança do filme.
Roger Avary, roteirista e diretor do filme explora lugares comuns sobre o psiquismo na estética do vídeogame. O argumento desenvolve-se em fases, com obstáculos que a personagem Rose Da Silva – mãe que luta pela filha – precisa ultrapassar para passar à fase seguinte. Script inaugurado com arte infinitamente superior pelos gregos, com seus mitos de Psyché e Héracles, que também precisam vencer obstáculos para mudar seu estatuto subjetivo. Mas há uma imensa diferenca: Psyché caminha para a imortalidade da alma através do amor; Héracles se esforça para resgatar sua linha genealógica depois da morte dos filhos. Situações em que o simbólico organiza as pulsões orientando o movimento desejante para a vida.
Não encontramos isso em Silent Hill. Embora o vetor seja parecido, há um pai que não se sustenta como tal pois não consegue entrar neste mundo de mulheres para exercer qualquer ordem de função paterna No máximo, encontramos certo esboço de suplência na força policial – também a cargo de uma mulher, que morre no enfrentamento do real que habita o recalcado. Em busca da criança de cada uma as