Setor Externo Brasileiro no Início do Século XXI
Renato Baumann
Resumo
Apesar de o Brasil ser tradicionalmente caracterizado por ter cultura de fazer políticas voltadas para dentro, a presença de empresas estrangeiras no setor produtivo brasileiros é significativa. A porção de firmas estrangeiras no país é uma das maiores entre os países em desenvolvimento. Este artigo discute as principais características do setor externo da economia brasileira, tendo em perspectiva o fluxo de capital, o investimento externo, a internacionalização de grupos empreendedores e os requerimentos de curto-prazo de moedas estrangeiras.
Introdução
O Brasil é tradicionalmente caracterizado por ter uma cultura de elaborar políticas voltadas para dentro. A história centenária de imigração levou o país a concentrar a maior parte de suas iniciativas políticas no mercado interno, e com isso, as políticas específicas para promover exportações são recentes, das últimas quatro décadas. Apesar disso, a presença de empresas estrangeiras no setor produtivo brasileiro é significativa e é uma das maiores entre os países em desenvolvimento. A intensificação dos esforços de industrialização em meados dos anos 1950 se baseou fortemente em investimentos estrangeiros. Além disso, políticas favoráveis adicionais para atrair investimentos foram adotadas em meados dos anos 1960, e novamente no início de 1990. A abertura multilateral do comércio brasileiro se intensificou no primeiro semestre do ano 1990, juntamente com os esforços para promover o comércio em uma base regional. O grau de abertura da economia (exportações mais importações como porcentagem do PIB) aumentou de uma média de 13,6% na década de 1990 para 21,5% em 2000-2008. O investimento externo direto (IED) do país sempre foi próximo a US$ 2 bilhões por ano, mas esse valor mudou drasticamente na década de 90, com a privatização das empresas públicas. Mas, mesmo assim, outros fatores desempenharam um papel importante, já que o