Texto III - O Serviço Especial de Saúde Pública Uma das consequências do envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial foi a reorientação de sua política externa para a América Latina. Uma das instituições criadas com a finalidade de aproximar os Estados Unidos dos países latino-americanos foi o Instituto de Assuntos Internacionais (Iaia). Em seus programas de cooperação estavam as políticas de saúde e saneamento. Prestes a entrarem na Segunda Guerra Mundial, os EUA necessitavam de bases militares no Nordeste brasileiro. O interesse no Brasil era estratégico para a participação norte-americana na guerra. No entanto, as regiões que interessavam os EUA eram infestadas por doenças graves como malária, tuberculose, e febre tifoide. Para segurança e bem-estar dos militares e soldados norte-americanos que viviam no Nordeste, e para aumentar a produtividade de seringueiros e de trabalhadores das minas, era necessário desenvolver campanhas de combate a esses males. Com essa e outras preocupações foi criado em julho de 1942, o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp). Este foi o resultado de um acordo bilateral entre Brasil e EUA. Em razão de suas origens, durante 48 anos seguintes o Sesp foi visto com desconfiança entre muitos profissionais da saúde no Brasil. O órgão defendia estratégias e políticas de saúde pública aplicadas nos EUA, mantendo vínculos técnicos, institucionais e simbólicos com padrões norte-americanos. O Sesp foi alvo de várias acusações, entre elas a de antipatriotismo. Concebido durante a Segunda Guerra Mundial, para o governo norte-americano, o Sesp seria uma agência temporária, para atuar apenas enquanto durava o conflito, com a tarefa de desenvolver políticas sanitárias nas regiões produtoras de matérias-primas estratégicas para a indústria bélica. Com o tempo, o Sesp desenvolveu políticas de saúde voltadas para as populações no interior do país. Lembrando que essas políticas atendiam os interesses dos norte-americanos