Serviço social
(texto para debate Reformas da Política Social) Laura Tavares Soares[2]
A ortodoxia neoliberal não se verifica apenas no campo do econômico. Infelizmente no campo do social, tanto no âmbito das idéias como no terreno das políticas, o neoliberalismo fez estragos e ainda continua hegemônico. Pode-se inclusive afirmar que o caráter ortodoxo das idéias e das propostas em torno às questões sociais que nos afligem no mundo contemporâneo manifesta-se ainda de forma mais intensa do que no econômico. O conservadorismo no social se expressa no retorno à naturalização da desigualdade social ou à aceitação da existência do “fenômeno” da pobreza como inevitável. Retrocedemos historicamente à noção de que o bem-estar social pertence ao âmbito do privado, ou seja, as pessoas, as famílias e as “comunidades” devem responsabilizar-se pelos seus problemas sociais, tanto pelas causas como pelas soluções. Mais ainda, alguns avanços conquistados no século XX, como o Estado de Bem Estar, são considerados “problemas”, sendo inclusive apontados como “causas” de muitos dos nossos males. Sob essa ótica, foram os “gastos generosos” dos Estados de Bem Estar que causaram os déficits fiscais dos países que os adotaram; e foram esses Estados “paternalistas” que estimularam o desemprego e alimentaram a “preguiça”, impedindo uma “saudável” competitividade entre as pessoas. Tal como no econômico, a intervenção do Estado no social também é vista como pouco “recomendável”, devendo ser substituída por um tipo de “mercado” especial onde cabe desde a grande seguradora financeira (que passa a garantir previdência social e saúde para os que podem pagar pelo seguro) até o chamado “terceiro setor”, que também inclui uma vasta gama de “atores” (desde as antigas associações comunitárias ou igrejas, até as modernas Organizações Não Governamentais de todo tipo). A mercantilização dos serviços sociais - mesmo