Serviço social
Humanização na saúde: um projeto em defesa da vida?
The humanization of healthcare: a project for defending life?
Humanización en la salud: ¿un proyecto en defensa de la vida?
Gastão Wagner de Sousa Campos 1
A professora Regina Benevides, o professor Eduardo Passos e eu temos uma história de colaboração acadêmica e política bastante produtiva. Assim, debater o artigo
Humanização na saúde: um novo modismo? é somente mais uma etapa de um longo diálogo que vimos entabulando nos últimos dez anos.
Parto da constatação por eles apresentada de que os princípios gerais ou as diretrizes genéricas de uma política, inclusive no caso do SUS, devem ser examinados em sua concretude, ou seja, articulados com a descrição dos modos como poderiam ser levados à prática. Assim, partindo do princípio da Integralidade ou da Humanização podem ser armadas políticas amplas ou restritivas e projetos reformistas ou medíocres. A discussão de princípios abstratos termina, freqüentemente, em declarações fundamentalistas e em embates puramente ideológicos. Um valor apresentado em confronto a outros. Por outro lado, princípios e diretrizes são importantes para compor imaginários utópicos e indicar novos rumos e objetivos para as políticas. Neste sentido, o debate sobre Humanização deve contemplar estas duas dimensões: sua capacidade de produzir novas utopias, mas também o de interferir na prática realmente existente nos sistemas de saúde.
Os autores apresentam a humanização como um “conceito-sintoma” que, em determinadas circunstâncias, poderia se transformar em um “conceito-experiência”.
Sintoma de quê, caberia perguntar? A moda da Humanização seria apenas um movimento demagógico tendente a simplificar conflitos e problemas estruturais do SUS?
Ou refletiria uma tendência real do sistema de saúde para desvalorizar o ser humano.
Provavelmente as duas coisas vêm acontecendo. Sem dúvida, há um processo de burocratização e, em muitos casos, até mesmo de