Serviço social
Ivo Tonet
Resumo: Este artigo pretende mostrar a radical diferença que existe entre as categorias da cidadania e da emancipação humana. Procura demonstrar que a primeira é uma forma de liberdade essencialmente limitada porque está ligada, indissoluvelmente, à sociabilidade fundada no capital, e que a segunda é uma forma de liberdade ilimitada, que abre a perspectiva de autoconstrução infinita para o gênero humano. Com isto, pretende também argumentar no sentido de que uma atividade educativa que queira contribuir para a construção de homens livres deve estar conectada com a emancipação humana e não com a cidadania. Palavras-chave: Educação libertária. Cidadania. Liberdade.
Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Alagoas. Doutor em Educação pela UNESP – Marília.
PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 23, n. 02, p. 469-484, jul./dez. 2005 http://www.ced.ufsc.br/nucleos/nup/perspectiva.html
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Introdução
O termo cidadania se tornou, hoje, uma espécie de lugar-comum. E ele também foi incorporado pelo discurso pedagógico, inclusive o de esquerda. É comum ouvir-se falar, por estes autores, em educação cidadã, educar para a cidadania, formar cidadãos críticos. Embora haja diferenças entre os diversos autores acerca do conteúdo deste termo, pode-se dizer que, de modo geral, ele é tomado como sinônimo de liberdade1 . Vale dizer, contribuir para a formação de cidadãos seria contribuir para a formação – sempre processual – de indivíduos cada vez mais livres e humanos. Poderíamos, porém, perguntar: este conceito de cidadania não estaria sendo utilizado de forma pouco crítica ou seria ele, efetivamente, aceito como sinônimo de plena liberdade humana? Será de fato livre uma sociedade onde vigem plenamente as liberdades democráticas? Será este tipo de sociedade o horizonte inultrapassável da humanidade, isto é, uma forma de sociabilidade aberta ao contínuo aperfeiçoamento? Não haverá uma