Introdução: uma nova etapa no pensamento burguês o Renascimento desenvolveu nos homens novos valores, diferentes daqueles vigentes na Idade Média. Os valores renascentistas estavam mais adequados ao espírito do capitalismo, um sistema econômico voltado para a produção e a troca, para a expansão comercial, para a circulação crescente de mercadorias e para o consumo de bens materiais. Instalava-se uma socieda- de baseada na distinção pela posse de riqueza e não pela origem, nome e propriedade fundiária. Essa mudança radical no mundo ocidental exigia uma nova ordem so- cial, dirigida por pessoas dispostas a buscar um espaço no mundo, a compe- tir por mercados e a responder de forma produtiva à ampliação do consumo. Pessoas cuja vida estivesse direcionada para a existência terrena e suas con- quistas, e não para a vida após a morte e para os valores transcendentais. Todas essas mudanças se anunciavam no Renascimento e se tornavam cada vez mais radicais à medida que se adentrava a Idade Moderna e a Revo- lução Industrial se tornava realidade. A nova concepção de lucro, elaborada e praticada pelo comerciante bur- guês renascentista, é a marca decisiva da ruptura com os valores e as idéias do mundo medieval. Olucro não é mais apenas ovalor que se paga ao comerciante pelo trabalho realizado. O lucro expressa a premissa da acumulação, da ostenta- ção, da diferenciação individual e assim realiza a idéia de que tenho o direito de cobrar omáximo que uma pessoa pode pagar. Aidéia e arealização do lucro não eram de forma alguma novas. Eram conhecidas desde aAntigüidade, apartir do momento em que surgiu o comércio usando o dinheiro como equivalente de troca e,em decorrência, a acumulação de riqueza. No entanto, aforma de pensar e praticar o lucro era distinta. Enquanto no Império Romano ocomércio realiza- do com a prática de preços considerados abusivos era considerado ilegalepouco nobre,e aIgrejaCatólicaconsideravapecaminosa aatividadelucrativa, no capitalis- mo, o lucro