Serviço social
Há uma década, as ONGs pareciam ser a salvação do país. Hoje, há quem ache que elas são um enorme problema. Entre o céu e o inferno, o terceiro setor tenta descobrir quem é, para que serve e qual seu futuro por Sérgio Gwercman
Um outro mundo é possível. Ou outro Brasil, que seja. Era o que se prometia para o futuro em junho de 1992, quando governantes de 108 países e 9 mil ONGs se reuniram no Rio de Janeiro para discutir os rumos ecológicos do planeta. A Rio-92, como foi batizado o encontro, entrou para a história das organizações não-governamentais brasileiras. Nunca elas haviam conseguido tanto destaque e espaço para debater suas posições, lado a lado com os mais importantes chefes de Estado.
Havia no ar a sensação de que estava surgindo um novo modelo de trabalho. Revolucionário e eficiente. Sem os vícios políticos e burocráticos do Estado, sem a ganância das empresas, formado apenas por cidadãos comprometidos com uma causa e dispostos a trabalhar por uma sociedade mais justa.
Dez anos mais tarde, o sonho de transformação deu lugar a uma realidade bem menos otimista. Uma pesquisa do Ibope revelou que 73% dos brasileiros nem mesmo sabem o que é uma ONG. Em algum lugar tanta expectativa se desfez. “Chegamos a um paradoxo em que há muito espaço para atuação e pouco para conseguir resultados”, afirma Jorge Eduardo Durão, presidente da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong). Nas próximas páginas você vai ler cinco perguntas e respostas essenciais para entender esse movimento. E saber o que podemos esperar dele.
O que é uma ONG?
Se levássemos ao pé da letra o significado da sigla poderíamos colocar na lista das organizações não-governamentais tudo aquilo não é empresa, mas também não faz parte do Estado. Incluindo aí o elitista Jockey Club ou a organização terrorista Al Qaeda. A bem da verdade, não existe uma definição clara de o que venha a ser uma ONG.
Pode-se dizer que ser organização não-governamental é