Sers humanos
Essa unidade propõe uma discussão sobre as representações históricas da surdez, detalhando aspectos filosóficos, sociais, educacionais e culturais que determinaram diferentes olhares sobre os surdos e a educação dessas pessoas. A Unidade A, visa constituir as bases para a compreensão da surdez como um discurso produzido pelas representações culturais de sua época.
A.1 – Pressupostos filosóficos, sociais, educacionais e culturais da história da surdez
Um estudo acerca da história da educação de surdos implica a compreensão da influência das representações culturais e dos pressupostos políticos e filosóficos que vêm permeando este tema. Nesse sentido, as narrativas que se articulam para abordar a surdez foram produzidas a partir das significações culturais inscritas no campo discursivo de sua época.
Sabemos que, na Antiguidade, ocorria o sacrifício de surdos em função do ideal grego de beleza e perfeição. Ademais, o nascimento de uma pessoa narrada como "deficiente" era concebido como um castigo dos deuses, o que justificava a sua eliminação1.
Além disso, a produção da alteridade2 surda como "falta" era reforçada pela concepção filosófica de então, em que a fala era considerada o único meio de expressão do pensamento. Desse modo, a partir da significação cultural característica dessa época, os surdos são nomeados como sujeitos incompletos e, portanto, incapazes de aprender.
Apenas no século XVI, o médico italiano Girolamo Cardano (1501-1576) advoga a favor da capacidade de aprendizado dos sujeitos surdos. Entretanto, o monge beneditino Pedro Ponce de Léon (1520 – 1584) é o primeiro professor de surdos de que se tem registro histórico.
1 (ASSUNTO) - Aspectos Históricos da Educação Especial - para saber mais sobre o assunto, leia a obra Educação Especial no Brasil: história e políticas e públicas, de Marcos
José Silveira Mazzotta (5.ed. São Paulo Cortez, 2005).
2 (GLOSSÁRIO): Alteridade - "resulta de uma