Sermão de Santo António aos Peixes
Exórdio e Invocação
Cap. I
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Inicia-se o exórdio com o conceito predicável “Vos estis sal terrae” e é a partir desta metáfora que se desenvolve o discurso.
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A metáfora presente no conceito predicável facilita a compreensão das ideias
que
se
pretendem
transmitir,
fazendo-se
uma
correspondência direta entre o sal que conserva e evita a corrupção/degradação da terra e os pregadores que louvam o bem e impedem o mal. A terra corresponde ao povo, aos ouvintes.
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O sal identifica-se com os pregadores e a terra com os ouvintes da pregação. Sal
PROPRIEDADES
Pregadores
Conservar
Evitar a corrupção
Louvar o bem
Impedir o mal
• A função do sal é evitar a corrupção. Verificando-se, porém que a terra está corrupta, havendo por ela tanto sal, qual a razão?
• É arquitectado um discurso disjuntivo que oferece duas propostas de resposta:
O sal não salga.
A terra não se deixa salgar.
Vieira sabe que o mal não está só do lado dos pregadores, os ouvintes também têm as suas culpas. Assim sendo, apresenta as causas hipotéticas para o problema que referiu,
utilizando um discurso simétrico (construções paralelas, ligadas por conjunções coordenativas disjuntivas – ou -
e subordinativas causais - porque) que se repetem
(anáforas), o que evidencia o seu raciocínio lógico, facilita a compreensão dos conceitos e proporciona um ritmo binário.
Porque o sal não salga
(pregadores)
Motivos
Os pregadores não pregam a verdadeira doutrina;
Os pregadores dizem uma coisa e fazem outra;
Os pregadores pregam-se a si mesmos e não a Cristo.
Porque a terra não se deixa salgar
(ouvintes)
Motivos
Os ouvintes não querem receber a verdadeira doutrina;
Os ouvintes querem imitar o que os pregadores fazem e não o que eles dizem; Os ouvintes querem servir os seus apetites em vez de servir a Cristo.
O que se há-de fazer