sermao de s. antonio aos peixes
No exórdio (capítulo I) o conceito predicável é sempre escrito em latim e funciona como a apresentação, através de textos da Escritura, do tema inicial.
O valor simbólico do “sal” aparece associado ao poder regenerador e purificador da palavra de Deus. O verdadeiro “sal” é o que evita a corrupção. Aquele que não salga é inútil e deve ser desprezado. E quem é afinal o “sal”? Os “que têm ofício de sal” são os pregadores que não cumprem (muitos deles) a sua verdadeira função: “salgar a terra”= espalhar a fé.
A introdução de um episódio da mitologia cristã, com a referência à figura de Santo António e a sua pregação aos peixes, cria no ouvinte a predisposição para acreditar no que adiante o pregador se propõe fazer, imitando o santo. O maravilhoso funciona assim não como motivo de espanto, mas como forma de credibilizar o fantástico: a pregação aos peixes. A invocação a Maria porque é a inspiradora do discurso religioso.
No capítulo II, Vieira divide-o nos louvores e nas repreensões e faz os louvores no geral.
No capítulo III, os louvores do geral para o particular com o início da confirmação em “Ah moradores do Maranhão” e o peixe de Tobias. O coração e o fel não só afastam os malefícios do demónio da casa de Sara, como curam a cegueira do pai; compara Santo António com o peixe, mas os hereges não se deixaram “curar” ; a rémora é comparada à sua língua. Teve mão nos soberbos, nos vingativos, nos cobiçosos, nos sensuais, o que é sugerido, alegoricamente, por meio de naus que a língua do Santo prendeu; o torpedo tem o poder de electrizar e faz falta nos “pescadores“ da terra para lhes fazer tremer o braço e arrepiar caminho; o quatro- -olhos, perseguido pelos peixes maiores e pelas aves, Vieira comenta: “quanto mais necessário seriam nos homens, que a esses peixes, os dois pares de olhos com que foram dotados”.
As repreensões surgem nos capítulos IV e V. A primeira repreensão aos peixes em geral é a