ser futebolista, diabético e competir

Ser futebolista, diabético e... competir!

Marcelo Silva
Enfermeiro
Departamento Clínico do Sport Clube Odemirense

A Diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento da quantidade de açúcar (glucose) no sangue (Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), 2013). A importância da prática do exercício físico regular para o controlo da Diabetes é consensual. E o desporto de competição, será saudável? Existem riscos?
Recordo o caso Donosso. Em 2002, o jovem francês foi rejeitado pelas camadas de formação do FC Porto por ser Diabético tipo 1 (um dos tipos da doença, mais frequente nas crianças e jovens, e que requer a administração diária de insulina para toda a vida). O médico do clube argumentava o risco da alta competição para o jovem diabético que podia sofrer uma “síncope” em pleno esforço (Record, 2002).
Entendo que a dita “síncope” se refira a uma complicação da diabetes, a hipoglicemia. Esta caracteriza-se por uma diminuição da quantidade açúcar no sangue e pode levar à perda de consciência e , quando não revertida , ao coma ou até mesmo morte.
Controlar a doença significa manter níveis de glicemia dentro de limites considerados normais. Este controlo implica vigilância dos valores de glicemia e gerir os fatores alimentação, medicação e exercício regular.
Os atletas de alta competição diabéticos recorrem a estratégias que permitem ao organismo lidar com as exigências metabólicas decorrentes do esforço físico de média/alta intensidade ou duração. Relativamente à prevenção da hipoglicemia, Grimm et al (2004) concluíram que o fator mais importante é a reposição de hidratos de carbono antes e durante o exercício físico. São opções para este reforço a ingestão de uma sanduíche (pão escuro) e leite ou uma barra de cereais integrais e sumo natural entre os 60 e os 90 minutos que antecedem o esforço físico e até mesmo durante o intervalo (no caso de um jogo de futebol). Em diabéticos tratados com insulina pode haver uma redução de 20