Sentimentos do Mundo
Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo, mas estou cheio escravos, minhas lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu estará morto e saqueado, eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram que havia uma guerra e era necessário trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso, anterior a fronteiras, humildemente vos peço que me perdoeis.
Quando os corpos passarem, eu ficarei sozinho desfiando a recordação do sineiro, da viúva e do microscopista que habitavam a barraca e não foram encontrados ao amanhecer
esse amanhecer mais noite que a noite.
Intertextualidade com o poema
O texto de Carlos Drummond de Andrade releva sua visão sobre o mundo, na época, no qual diz que é triste, ruim e que por mais que as pessoas sonhem com algo de bom, a realidade é muito diferente e difícil, o que faz com que o simples projetos virem um desafio. A poesia começa com o autor a falar sobre suas limitações sobre o mundo que diz (Tenho apenas duas mãos/ e o sentimento do mundo), mas em seguida mostra alguns elementos que o ajuda a enfrentar os problemas relatados por ele no poema, como exemplos os escravos, que podem ser interpretados com riquezas, as lembranças e mistério do amor. O Poema é muito pessimista, sendo que o autor relata no segundo verso os seus pensamentos sobre o mundo ruim em que vive, por causa das guerras que ocorriam no contexto. O autor também fala que apesar de receber toda a ajuda de seus amigos e companheiros para enfrentar os problemas da realidade, ele não consegue suprir todo o ruim e então, pede humildemente desculpas por isso. Por fim, o autor relata que em seu futuro imaginário e real o mundo será cercado por mortos, lembranças e tipos de pessoas que sumiram com a guerra, então termina concluindo o “amanha” será muito ruim e tenebroso.
O poema foi escrito 1940,