Senso comum e conhecimentos cientificos
Ana Cris Duarte
É comum encontrarmos artigos, ou mesmo cursos de preparação para gestantes, focados na questão dos “tipos de parto”, que geralmente acabam artificialmente classificados da seguinte forma:
* Parto Normal
* Parto Vaginal
* Parto Natural
* Parto Fórceps
* Parto de Cócoras
* Parto na Água
* Parto Humanizado
* Parto sem Dor
* Parto Laboyer
* Cesariana
Em primeiro lugar, devemos pensar o seguinte: é possível classificar partos antes deles acontecerem? Em segundo lugar: mesmo que fosse possível, é coerente achar que partos, nascimentos, bebês, mulheres possam ser classificados por tipos? Vamos fazer um balanço da história da obstetrícia para entender porque e como os partos foram classificados. A separação dos partos por tipos aconteceu em decorrência do nosso sistema obstétrico. Desde que o atendimento passou a ser hospitalar, feito exclusivamente pelos médicos, em macas horizontais, com as mulheres em posição ginecológica, a classificação ficou óbvia: “Parto Normal” ou “Cesariana”. Não havia alternativa. Se a mulher não conseguia dar à luz nessas condições padronizadas, ia para a cesárea. As condições padronizadas sob as quais as mulheres deveriam tentar o “Parto Normal” eram: separação do companheiro ou qualquer acompanhante, salas de pré-parto coletivas sem qualquer privacidade, impossibilidade de livre movimentação, soro com hormônios para acelerar as contrações e, portanto encurtar o trabalho de parto, período expulsivo com a mulher deitada de costas, pernas amarradas a suportes, comandos para fazer força, enfermeiras empurrando a barriga da mulher, entre outras situações que variavam de serviço para serviço. Convém lembrar que em muitos hospitais do Brasil essa ainda é a regra, infelizmente, indo contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde. Eventualmente o parto ficava difícil e havia a aplicação do fórceps alto (um instrumento que consiste de um par de colheres metálicas), que