Semiotica

Trecho do texto “Consciência e linguagem”, In: PEIRCE, Charles S. Semiótica. Trad. J. Teixeira Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 1977, pp. 303-311.

Já vimos que todo estado de consciência é uma inferência: de modo que a vida não é senão uma seqüência de inferências ou um fluxo de pensamentos. Portanto, a todo momento o homem é um pensamento, e como o pnesamento é uma espécie de símbolo, a resposta genérica à pergunta ‘que é o homem?’ é que ele é um símbolo. A fim de encontrar uma resposta mais específica deveríamos comparar o homem com algum outro símbolo.

Escrevo aqui a palavra Seis. Agora indaguemos de nós mesmos sob que aspectos um homem difere dessa palavra. Em primeiro lugar, o corpo de um homem é um mecanismo maravilhoso, enquanto que o da palavra não passa de um risco de giz. Em segundo lugar, o significado da palavra é bem simples, enquanto que o significado de um homem é um verdadeiro enigma da Esfinge. Estas duas diferenças são bastante óbvias – encontram-se à superfície. Mas que outras diferenças há?

Um homem tem consciência; uma palavra não. O que endentemos, por consciência, já que esse é um termo bastante ambíguo? Existe aquela emoção que acompanha a reflexão de que temos vida animal. Uma consciência que está obscurecida quando a vida animal está em seu ponto mais baixo, em idade ou no sono, mas que não está obscurecida quando a vida espiritual está em seu ponto mais baixo; que é mais vivida quanto melhor animal for o homem, mas que não o é quanto melhor homem ele for. Tenho certeza que todos podem distinguir esta sensação; atribuímo-la a todos os animais mas não às palavras, porque temos razões para crer que ela depende da posse de um corpo animal. E, portanto, esta diferença inclui-se sob a primeira diferença que mencionamos e não é uma diferença adicional. Em segundo lugar, a consciência é usada para significar o conhecimento que temos daquilo que está em nossas mentes; o fato de que nosso pensamento é um índice de si mesmo para si