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O comportamento obsessivo, paroxístico do protagonista. Nelson Rodrigues não teme o exagero: seus personagens são prisioneiros de paixões avassaladoras. Tornam-se protótipos, já que o autor ultrapassa as conveniências realistas e os constrói com um vigor desmedido.
A morbidez que, no seu teatro, serve para aguçar a sensibilidade, abrindo desvãos psicológicos que de outra forma continuariam vedados, escondidos. Ele é "nosso primeiro dramaturgo a sublinhar de forma sistemática os comportamentos mórbidos da personalidade, coexistindo com as facetas consideradas normais".
Mais um traço que acompanha a obra inteira: a ironia feroz (...) Os prazeres são sempre efêmeros, as alegrias escondem apenas uma realidade que não se desvendou ainda. Os desfechos irônicos e trágicos das peças remetem biograficamente às tragédias familiares, de que Nelson nunca se recuperou (por exemplo: o assassinato de seu irmão Roberto).
Nelson Rodrigues é um mestre do "diálogo". Isento de literatice, seu diálogo é direto, enxuto, preciso, funcional. A linguagem é predominantemente coloquial.
Família e sexo: o que é socialmente transmitido como proibição, na esfera sexual e das relações afetivas, é sistematicamente violado. Neste sentido, o seu teatro constitui uma abordagem crítica à estrutura social brasileira, cujo sistema de relações e cujos valores de base têm sua aparente segurança abalada. Neste contexto se inserem os comportamentos de incesto (relação sexual entre parentes) e outras formas de relacionamento sexual culturalmente proibidas (entre pessoas do mesmo sexo, entre pessoas de raças ou classes sociais diferentes...) Na família, predomina uma aura de pudor e de repressão na esfera sexual, e o autor vai explicando a quebra de tabus familiares e sexuais, tais como a virgindade, a fidelidade, a intocabilidade entre os membros da família, o papel do pai e da mãe, e assim por diante.
A violência marca as relações inter-pessoais através de três situações