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Historicamente, têm sido invocados fundamentalmente três tipos de explicação sobre os fundamentos do poder. O primeiro fundamento é constituído por explicações teológicas e metafísicas, para as quais o poder é um fenômeno transcendente em relação à própria sociedade; um segundo fundamento é constituído pelas explicações de tipo materialista e naturalista, que radica na necessidade, na natureza humana e numa espécie de física do social e do humano; um terceiro fundamento faz-se ressaltar o papel da liberdade humana e a natureza racional-contratual do poder.
No primeiro fundamento que é sustentado pelas explicações teológicas e metafísicas, temos como resíduo dessa teoria a confusão persistente entre Igreja e Estado como à exemplo como na atual Grécia onde a Constituição invoca a Deus e a Igreja Ortodoxa em termos inclusive próximos a uma teocracia e nos países árabes onde o fundamentalismo domina tanto o poder quanto todo o direito e toda a sociedade que são tributários desta identificação.
Muitas vezes essa fundamentação de poder é alimentada pela consciência popular que faz um translado subconsciente de certas representações do poder religioso para o plano do poder político como à exemplo a morte de Togliatti, ex-secretário-geral do Partido Comunista Italiano, onde muitas pessoas acendiam velas diante de imagens do defunto ou traziam consigo pagelas de tipo religioso com a efígie do morto e outros exemplos até mesmo no próprio esquerdismo marxista, mais desmistificador na intenção, que converteu em ícones religiosos sua galeria de chefes históricos como Marx, Lenine e Estaline demonstrando assim ser essa fundamentação bem mais comum e aceita do que imaginaríamos.
Poder-se-ia pelo menos concluir então que as práticas políticas correspondentes às filosofias que politizam Deus e às que divinizam César não divergem substancialmente quer no seu rigidismo, quer na sua perigosidade. Tocqueville