MUDAR PARA PERMANECER Na sequencia dos primeiros passos da palavra imprensa, o periodismo permaneceu como formato preferencial de uma imprensa significativamente voltada para as causas políticas e em menor escala para manifestações literárias. Mas ampliavam-se suas funções como prestadora de serviços, num quadro econômico e social mais complexo, que permitiram a alguns de seus órgãos transformarem-se em empresas. O debate da Maioridade foi um dos últimos temas de tratamento político exaustivo veiculado pela imprensa ao tempo das Regências. Ao discutível “Quero Já” proferido pelo jovem Pedro Alcântara, que selou a vitória conservadora em seu projeto de antecipação da Maioridade, seguiram-se as festas de coroação. Marcadas por grande fausto, transcorreram-se de 16 a 19 de julho de 1841, produzindo raro espetáculo – “o mais reluzente dos teatros da Corte, que exibia com luxo seus símbolos e rituais diletos”. A riqueza do espetáculo a que se assistiu no país recém- saído de sua condição colonial, justificava aquele estranhamento. Basta lembrar que a cidade do Rio de janeiro possuía então cerca de 37 mil escravos numa população total de 97 mil habitantes. Em plena crise do absolutismo , ascendia ao trono um imperador menino, de apenas 14 anos, primeiro monarca nascido no Brasil, loiro de olhos azuis – típica compleição física habsburgo. Para além da simbologia oficial, porém, aquela celebração sinalizava que novos padrões de Corte de civilidade eram cogitados, a despeito do acanhado do meio. Naquela cena – marco figurativo da nova apresentação que se pretendia do país – inseria-se o cultivo da imprensa,pela carga, de civilidade que comportava. Logo, nos anos subseqüentes, a palavra e a imagem impressas conheceram outro lugar, ganharam força e expressão, com escritos de toda ordem que se propagaram por múltiplas experiências periódicas, produzidas por agentes sociais diversos, que atuaram em favor do desejado cenário civilizatório do