Searle
John Searle equaciona o problema da liberdade da seguinte forma: “Se ou não, as causas da nossa conduta, sejam elas quais forem, são suficientes para determinar a conduta de maneira que as coisas têm de acontecer da maneira como acontecem.”
Segundo este pensador estamos perante um enigma filosófico característico: “Por um lado, um conjunto de argumentos muito poderosos força-nos à conclusão de que a vontade livre não existe no Universo. Por outro, uma série de argumentos poderosos baseados em factos da nossa própria experiência inclina-nos para a conclusão de que deve haver alguma liberdade da vontade, porque aí todos a experimentamos em todo o tempo.”
John Searle expõe do seguinte modo os argumentos que apoiam o determinismo físico: Os dados científicos mostram que os factos acerca de nós, incluindo os estados mentais e os actos intencionais, “ (…) são inteiramente e causalmente explicáveis em termos de e inteiramente realizáveis em sistemas de elementos ao nível microfísico fundamental”. Ou seja, qualquer estado de consciência, incluindo a vontade, o livre arbítrio, é o produto da actividade cerebral. Os estados mentais são características superiores causadas por microprocessos inferiores que se produzem no cérebro. No cimo do sistema temos a consciência, a intencionalidade, a intenção, a decisão. Na parte inferior do sistema temos os neurónios, as sinapses, os impulsos eléctricos e os neuro-transmissores. Mesmo quando a mente age sobre o corpo (como no caso da intenção e do acto físico correspondente de levantar o braço) isso só é possível por intermédio e nos processos químicos e eléctricos que se produzem nesse momento. Deste modo, o determinismo físico é extremamente difícil de refutar, pois a explicação física do universo mostra que, neste último, tudo se pode explicar em termos de partículas e suas relações, bem como de leis que governam os movimentos das mesmas