Searle reply to derrida

1543 palavras 7 páginas
Diálogos: gênero, política e poder Resenha de Linguagem, gênero, sexualidade Ana Cristina Ostermann e Beatriz Fontana (orgs.) Editora Parábola, 2010 Carla Rodrigues[1]

“Linguagem, gênero e sexualidade”, coletânea organizada por Ana Cristina Ostermann e Beatriz Fontana, é uma bem-vinda contribuição ao debate sobre gênero, linguagem e comunicação. Interações comunicacionais, análise de discurso e outras pesquisas da área de comunicação que contemplem aspectos do uso da linguagem passam a ter uma bibliografia de referência que contempla questões de gênero. Do exemplo mais simples – o uso do termo “homem” como sinônimo de humanidade, conseqüência de se tomar o masculino como neutro e universal – aos avanços mais recentes e o reconhecimento da discriminação no discurso, a linguagem passou a ser estudada como mais um elemento de interdição do poder às mulheres. Esse campo de estudos sobre a linguagem tornou-se possível a partir da virada lingüística e do reconhecimento da linguagem como convenção. Desde Crátilo[2], a tradição filosófica discutia a “justeza dos nomes”: Hermógenes e Crátilo defendem duas posições antagônicas em relação à linguagem. Para ele, as palavras são adequadas às coisas por “natureza”, enquanto Hermógenes vai defender a ideia de pacto, convenção e consenso. Sócrates critica a teoria convencionalista e adere ao naturalismo, fazendo Crátilo vencer Hermógenes[3]. Só no final do século XIX começam a surgir os primeiros estudos que, com a teoria lingüística de Ferdinand de Saussure[4], no século XX, sustentarão a linguagem como convenção. As afirmações de Saussure sobre a arbitrariedade do signo e da ligação arbitrária entre significante e significado abrem muitas questões, entre as quais está a possibilidade de pensar sobre o caráter supostamente neutro da linguagem. Articule-se a isso a crise da representação, a afirmação de que tudo é discurso, os questionamentos da teoria feminista sobre a construção das

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