Saúde Coletiva

A implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido alvo de inúmeras discussões no âmbito científico e social. De uma forma geral, o SUS traz em si um modelo assistencial que tem princípios e concepções diferentes daqueles empregados no Brasil até então (OLIVEIRA et al, 2008). Estes princípios e concepções permeiam não somente a elaboração e a gestão do sistema público de saúde, mas também as relações que se estabelecem no encontro clínico, ou seja, entre os profissionais e a população a qual se destinam as suas ações (PORTO, 2006). A relação profissional-usuário no contexto do SUS tem sido identificada como um dos fatores determinantes para a consolidação da assistência integral à saúde, que implica na adoção de práticas que endereçam o cuidado como campo privilegiado de atuação profissional (ALVES, 2005; SOUZA et al, 2008).Neste sentido, objetivamos refletir sobre a relação que se estabelece entre o profissional de saúde e o usuário no contexto da saúde pública brasileira, construindo um paralelo dessas relações no modelo biomédico e no contexto da assistência integral à saúde preconizado pelo SUS. É importante salientar que embora discutidos separadamente neste texto, a fim de possibilitar uma análise mais aprofundada das concepções presentes em cada um dos modelos assistenciais, na prática diária nos serviços de saúde, observamos a co-existência destas em diferentes intensidades e manifestações. A implantação do SUS foi precedida por um amplo movimento de diferentes grupos sociais em defesa da saúde como direito de todos e dever do Estado (MACHADO, 2006). Estes movimentos, conhecidos na luta pela Reforma Sanitária, apontavam a necessidade de reorientação do modelo assistencial em saúde, caracterizado até então pela dicotomização entre assistência e prevenção, por situações de extrema desigualdade no acesso aos serviços de saúde, assim como uma inadequação e qualidade insatisfatória desses serviços, com ausência da integralidade das ações (ALVES, 2005).
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