Saude pública
Um problema extragrande
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Por Paulo Vasconcellos | Para o Valor, do Rio
O engenheiro de sistemas Walmor Ferreira não se faz de rogado. Quando a fome bate, corre para a lanchonete e devora um x-burger - ou dois. Em casa tem sempre embalagens de pizza pré-pronta na geladeira. Costuma regar tudo com doses generosas de refrigerante. Aos 23 anos, 1,82 m de altura, ostenta 135 quilos. Não faz um exercício desde que deixou os bancos do ensino básico, já enfrentou muito olhar torto, mas só se incomoda mesmo quando o tema da obesidade envereda para a discussão de problemas que costumam acompanhá-la, como o diabetes e a hipertensão. "Não sinto nada ainda e não sei por que pensar nisso", reage Ferreira, filho de pai diabético e hipertenso. "Já estou acostumado com o meu corpo, tenho namorada e não encaro a obesidade como problema. Pode ser que no futuro me arrependa, mas posso me arrepender de tantas outras coisas também..."
Ferreira engrossa uma estatística que não para de ganhar corpo no Brasil. Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde aponta que a obesidade tem crescido a uma taxa de 1% ao ano no país. Hoje atinge mais de 15% da população. Já são 29 milhões de brasileiros obesos. Nada menos de 1,5 milhão sofre de obesidade grave - que é quando o índice de massa corporal (IMC), um indicador internacional estabelecido quando se divide o peso pela altura ao quadrado, é igual ou superior a 40. Quase 95 milhões já enfrentam problemas de sobrepeso ou IMC acima de 24,9 kg/m2.
Democraticamente, a obesidade cresceu em todas as regiões do país, em todas as faixas etárias e em todas as classes sociais. E reserva um legado ameaçador. De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos estava com peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2008/2009. O índice de jovens de 10 a 19 anos com