Saude do trabalhar no Brasil
O Mundo do Trabalho, ao final do século XX e início do século XXI, vem apresentando grandes mudanças, decorrentes do processo de globalização e reestruturação produtiva, como a perda da centralidade do trabalho industrial, extinção de postos de trabalho no mercado formal, crescimento do setor de serviços e incremento do desemprego estrutural e dos índices de informalidade (Ilo, 2002; Druck & Borges, 2002). Esse quadro favorece a precarização das relações e das condições de trabalho e a desarticulação política dos movimentos sindicais, com importantes impactos nas condições de vida, trabalho e saúde dos trabalhadores e nas condições de sociabilidade expressas pela escalada da violência nas cidades e no campo.
Na Bahia esse panorama não é diferente, com algumas particularidades locais e regionais. As principais estratégias de gestão do trabalho pelas empresas nesse contexto são a terceirização, a flexibilização dos contratos de trabalho, a individualização, notadamente com o crescimento das pequenas empresas individuais que têm, em sua maioria, um curto tempo de vida, e as cooperativas, muitas das quais com relações de trabalho em que prevalecem a subordinação e a pessoalidade, caracterizando de fato relação de emprego e, portanto, situação trabalhista irregular ou fraudulenta.
Outro aspecto digno de nota é o retorno do trabalho em domicílio, que, ao lado da terceirização e da informalidade, vem sendo adotado como estratégia de barateamento dos custos de produção, projetando para o ambiente doméstico riscos que seriam típicos de ambientes de trabalho das empresas, onde supõe-se haveria um maior controle sobre o gerenciamento dos riscos, vez que as instituições públicas e o arcabouço legal de fiscalização das relações de trabalho não regulam esse tipo de trabalho, cabendo ao setor saúde, através da estratégia da atenção básica, uma importante contribuição do ponto de vista da educação para a promoção e prevenção