SAUDADE
Saudade, uma palavra, vários significados. Um sentimento tão puro quanto suas causas. Palavra que tem o poder de nos fazer rir e chorar, que desperta sensações mais profundas, nos causa alegrias e tristezas, nos traz orgulhos e arrependimentos. Enfim, é impossível enumerar sensações que podem nos ser apresentadas em função desta simples palavra. Porém, todos nós partilhamos de uma única certeza: nada nos causa mais saudade que nossa infância. Sim, a infância! O momento mais sublime da vida, período de aprendizado, onde se transborda pureza, onde se transmite felicidade, onde nada é mais importante que um cafuné recebido pelos pais no fim do dia, onde se é verdadeiramente feliz.
Preocupações? Não existem. Obrigações? Sim, a de brincar o máximo possível e imaginável. Dores? Apenas um joelho machucado, aquela palmada que lhe fazia chorar, mas era dada com todo amor do mundo. Fase de aprendizado, descobertas, curiosidades, onde se aflora o primeiro amor, a primeira paixão, se recebe o primeiro beijo, o primeiro dia de aula. Como ser criança era bom. Descobrir o mundo sem se preocupar com seus riscos, tomávamos quarteirões como desbravadores de um quintal alheio, alpinistas de uma árvore qualquer, cracks de pés descalços.
Besteiras? Quem não fez? Mas de onde vem toda essa certeza de que eram besteiras mesmo? Afinal, elas foram causadoras de felicidades, risos e mais risos, momentos únicos que a vida, inevitavelmente, nos tira. Mas com apenas um intuito, de lhe mostrar que você nunca será tão feliz quanto, que aquela gargalhada gostosa e escandalosa nunca será a mesma, os motivos não serão mais os mesmos, o sorriso não será mais os mesmo.
Quantas vezes cheguei a me perguntar: como era possível dormir no sofá e no dia seguinte acordar em minha cama? De onde papai e mamãe tiravam tempo para me ajudar nas lições de casa? De onde vinha tanto ânimo e empenho em ler “historinhas’’ todas as noites, em meio a tanto cansaço e obrigações? Eram e são mistérios que