Sandel
[Seria a exorbitante desigualdade econômica dos Estados Unidos justa?2 Ou seria ela injusta e, consequentemente, a taxação dos ricos para ajudar os pobres algo moralmente justificável? Algumas pessoas discordam desse ponto de vista, dizendo que nada há de injusto na desigualdade econômica desde que ela não resulte do uso da força ou de fraude, mas das escolhas feitas em uma economia de mercado.]
(...)
Os libertários defendem os mercados livres e se opõem à regulamentação do governo, não em nome da eficiência econômica, e sim em nome da liberdade humana. Sua alegação principal é que cada um de nós tem o direito fundamental à liberdade – temos o direito de fazer o que quisermos com aquilo que nos pertence, desde que respeitemos os direitos dos outros de fazer o mesmo.
O ESTADO MÍNIMO
Se a teoria libertária dos direitos estiver correta, muitas atividades do Estado moderno são ilegítimas e violam a liberdade. Apenas um Estado mínimo – aquele que faça cumprir contratos, proteja a propriedade privada contra roubas e mantenha a paz – é compatível com a teoria libertária dos direitos. Qualquer Estado que vá além disso é moralmente injustificável.
O libertário rejeita três tipos de diretrizes e leis que o Estado moderno normalmente promulga: 1. Nenhum paternalismo. Os libertários são contra as leis que protegem as pessoas contra si mesmas. As leis que tornam obrigatório o uso do cinto de segurança são um bom exemplo, bem como as leis relativas ao uso de capacetes para motociclistas. Embora o fato de dirigir uma
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[Uma diferenciação é importante: não podemos confundir a discussão moral acerca do que é a Justiça com as terminologias econômicas consagradas. Como ficará evidente, os teóricos do libertarismo possuem uma abordagem da justiça que parte da liberdade, mas não podem ser confundidos com os teóricos do liberalismo econômico. Fatalmente, a teoria libertária de justiça encontra reflexos no pensamento econômico, mas sua adaptação dentro