Sai a Igreja, entra a Coroa - Revista de História
Sai a Igreja, entra a Coroa - Revista de História
Sai a Igreja, entra a Coroa
Portugal passou a controlar as escolas na Colônia, e quem pagou a conta foram os professores.
Thais Nivia de Lima e Fonseca
3/1/2011
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Tam anho da le tra:
Por muito tempo acreditou-se que era quase impossível para uma pessoa negra ou parda, fosse livre ou escrava, aprender a ler e a escrever no Brasil colonial, quando poucos teriam acesso à educação. E não havia nada que pudesse indicar a existência de um ensino escolar por aqui – a não ser o que era promovido pela
Igreja. Pesquisas recentes sobre a educação na Colônia vêm trazendo muitas novidades sobre o tema.
As grandes ordens religiosas católicas foram responsáveis pela introdução das escolas no Brasil, e entre elas, a
Companhia de Jesus – que aqui aportou em 1549 – foi a que mais se destacou. Ela já vinha espalhando sua influência pela Europa e marcando sua presença em outros continentes desde o século XVI, acompanhando a expansão dos domínios portugueses e espanhóis. Em todos os territórios onde os jesuítas estiveram convertendo povos ao cristianismo, eles instalaram colégios, que funcionavam de acordo com os princípios ditados pelo método pedagógico elaborado pela Companhia de Jesus, o Ratio Studiorum atque Institutio
Societatis Jesu (1599). No século XVII, a Companhia de Jesus praticamente dominava a educação no Império português, da instrução elementar ao ensino superior, nas universidades de Coimbra e de Évora.
A educação ainda não era vista como uma responsabilidade do Estado nesse período, mas sim da família e da
Igreja. Somente a partir de meados do século XVIII, sob a influência do Iluminismo, muitos intelectuais começaram a discutir a importância da ação do Estado na educação escolar. Isso porque eles achavam que a
Igreja não deveria se envolver tanto em questões que não eram estritamente ligadas à religião, e que somente o Estado poderia garantir a educação da população,