Saga do cafe
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Bebida que fez história no país enfrenta modernidade e concorrência – Suelli Mello
Histórias não faltam acerca das origens do café. Conta-se que seus frutos avermelhados foram descobertos por volta do ano 800, na Abissínia (hoje Etiópia, na África), por um pastor que ficou impressionado ao ver suas cabras saltitantes depois de comê-los. Ele decidiu experimentá-los e também se sentiu animado e bem-disposto. A "novidade", porém, demorou a se espalhar.
Foi somente cerca de 600 anos mais tarde, em meados do século 15, que o café chegou até os árabes, que se encantaram com o sabor e os efeitos da bebida. Segundo uma lenda persa, entretanto, o profeta Maomé, que viveu na Arábia entre os séculos 6º e 7º, já teria experimentado a bebida, oferecida pelo anjo Gabriel. E, após saboreá-la, ele teria declarado que se sentia "capaz de enfrentar quarenta cavaleiros e de possuir cinqüenta mulheres". Seja como for, o fato é que, por muito tempo, os árabes tentaram guardar para si o precioso segredo, permitindo a exportação apenas de frutos fervidos, para evitar que germinassem em outras terras. Mas não adiantou. Os holandeses conseguiram contrabandear alguns frutos frescos e, já a partir de 1690, cultivavam cafezais em suas colônias asiáticas (Java, Ceilão - hoje Sri Lanka - e Sumatra) e, posteriormente, nas Antilhas Holandesas, na América Central. No continente sul-americano, as primeiras mudas foram plantadas na Guiana Holandesa (atual Suriname), em 1718.
Na Europa, à medida que se tornava conhecido, o café foi alvo de paixões e ódios. Na Inglaterra, as mulheres, enciumadas dos maridos que o consumiam nas elegantes coffee houses, chegaram a fazer um manifesto para que fosse proibido pela Igreja. Na Itália, muitos cristãos reivindicavam que o papa Clemente VIII o condenasse. Ao prová-lo, porém, o pontífice teria declarado: "Seria um pecado deixar tamanha delícia somente para os infiéis". E foi assim, abençoada,