Rápidas considerações sobre a preservação das ruínas da modernidade
Ao refletir sobre os inexoráveis rastros da passagem do tempo na arquitetura, David Leatherbarrow fala de memória quando afirma que “embora o uso e o desgaste subtraiam, eles também permitem um tipo significativo de adição. Ao longo do tempo e do uso, conjuntos arquitetônicos ganham legitimidade ao fazer a crônica dos padrões de vida que acomodaram. O tempo não passa na arquitetura, ele acumula. Se ele passasse, não deixaria traços – o que acaba ocorrendo. Tudo ao nosso redor exibe sinais de história, desenvolvimento ou deterioração. Todas as coisas físicas, especialmente corpos e edifícios, se oferecem à experiência visual como sedimentações de ações e comportamentos. Se um rosto é reconhecível, é porque o tempo escreveu sobre sua pele, ou superfície, sinalizando as maneiras como ele se conduziu no mundo”. Ao fornecer argumentos para o nosso debate, o autor elenca ainda valores imateriais ligados à memória que vão se somar ao já complexo desafio colocado pela preservação de uma arquitetura que envelhece mal e prematuramente a sua materialidade e que, por definição e princípio, é privada do direito de se tornar antiga ou de permanecer enquanto ruína.
A preservação da arquitetura, inclusive aquela do Movimento Moderno, tem como um de seus objetivos contrariar o envelhecimento, impedir e até reverter o arruinamento. O campo disciplinar da preservação começou a ser construído no século XIX a partir do estudo da restauração e da conservação de edifícios da Antiguidade e da Idade Média, e durante o