Rubem alves
Rubem Alves http://groups-beta.google.com/group/digitalsource Índice
LUA NOVA Em defesa das flores Em defesa das árvores Em defesa da vida O sermão das árvores O anestesista Coitado do corpo Três causos
LUA CRESCENTE A pipoca Escutatória Se eu fosse você O albergue Os moradores do albergue O cemitério A arte de engolir sapos Dor-de-idéia
A aula e o seminário Variação sobre um tema antigo Conchas ou asas?
LUA CHEIA A rosa não mais floresce Por que a rosa não mais floresce? Aos apaixonados Que bom que eles se casaram Um caso de amor com a vida Por quê?
LUA MINGUANTE De excrementis diaboli E uma criança pequena os guiará O Deus menino Duas estórias de Natal Em nome do Avô, do Neto e da Brincadeira
Lua Nova Em Defesa das Flores
"Quero lhe fazer um pedido", disse a voz feminina do outro lado da linha. Era uma voz agradável, musical, firme - de uma mulher ainda jovem. "Sim?" - eu perguntei de forma Iacônico-psicanalítica, não sem uma pitada de medo. Muitos pedidos estranhos me são feitos. "Eu queria que o senhor escrevesse uma crônica em defesa das flores ..." - Sorri feliz. As flores fazem parte da minha felicidade. Do outro lado da linha estava uma pessoa que amava as flores como eu. Na minha imaginação girassóis, apareceram margaridas, campos trevos floridos: essa tulipas, praga!).
(sim,
Versinho da Emily Dickinson:
Para se fazer uma campina É preciso um trevo! uma abelha, um trevo, uma abelha e fantasia ... Masfaliando abelhas Basta a fantasia ...
Sim, com trevos se fazem campinas floridas! qualquer tipo de flor vale a pena ... Aí ela se explicou: "Tenho dó das flores nas coroas funerárias. Eu queria que algo fosse feito para protegê-las, para impedir que aquele horror se fizesse a elas." Minha imaginação passou das flores livres dos campos para as flores torturadas dos velórios.
Concordei com a Carolina (esse era o nome da mulher jovem de oitenta anos). Não conheço nada de maior mau gosto que os