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Ainda ensopado de suor, ele se ajeita no colchão e cobre suas pernas com as cobertas, apoiando suas costas na cabeceira da cama. Mesmo que tentasse, o menino não conseguia se esquecer. Toda noite o mesmo sonho.
Apertando o tecido sedoso da calça, ele começa a chorar e seus pensamentos ficam descontrolados. Uma casa pegando fogo toma conta de sua visão e gritos de socorro e agonia aterrorizam seus ouvidos.
Ele se encolhe, dobrando seus joelhos e colando as pernas ao corpo. Tapa os ouvidos, como se os gritos fossem parar e fecha os olhos, acreditando que as chamas o abandonariam, mas nada disso acontece. As chamas continuaram a atormentá-lo e os gritos aumentaram de intensidade, atordoando o pobre garoto.
“Desta vez vai ser diferente!” Ele grita em seu interior “Não estragarei tudo de novo.”.
As luzes do quarto acendem e um homem alto, magro e de cabelos ruivos se aproxima do menino. Ele se senta na ponta da cama, fazendo com que o menino abrisse os olhos e o encarasse com seu rosto inchado e olhos avermelhados.
—Outro pesadelo?— Pergunta o homem, num tom sereno e indiferente, como se aquilo já fosse rotina.
O menino balança a cabeça e seca o resto com a manga do seu casaco. Charlie sabia que aquele homem passara por maus bocados, assim como ele. O Sr.------ era um homem legal, ele não queria dar-lhe o mesmo destino que deu para seus pais adotivos que o antecederam.
Foram Dez. Dez vitimas que o menino fizera ao longo do tempo em que esteve vivo. Os primeiros foram seus pais verdadeiros, ele não lembra exatamente como aconteceu, mas sabe o que aconteceu.