Rostow
Teorias do Desenvolvimento e Desenvolvimento no Brasil
Aécio Cândido
1. Introdução O conceito de desenvolvimento forjou-se no contexto político-econômico do pósguerra, como expressão da nova ordem mundial. Ele indicava uma nova realidade mas também o seu contrário, o subdesenvolvimento. A revelação dessas duas realidades não pareceu deverse ao simples fato de haver nações ricas e nações pobres, ou camadas ricas e camadas pobres no interior de uma mesma nação - isso não era novidade para a História -, mas antes porque, pela primeira vez, a distância entre as nações se mostrava de tal modo grande que enquanto algumas delas tinham, pelo domínio da tecnologia, criado uma segunda natureza, outras viviam em estado "natural", com uma ciência pré-newtoniana. Deveu-se também ao fato de, pela primeira vez, teóricos de fora da Europa e da América do Norte estarem refletindo sobre esse distanciamento com olhos de quem vivia a situação contrária. Por que algumas nações são ricas? O que explica o desenvolvimento de uma nação? Essa questão interessou a Adam Smith e a Weber , com um pouco mais de cem anos de diferença, que a enfrentaram , cada um a seu modo. A riqueza das nações era objeto de interesse intelectual já há alguns séculos. A pobreza só veio a sê-lo em meados do século XX. De fato, embora se fale com freqüência em desenvolvimento, o que realmente interessou à grande parte dos economistas e sociólogos da América Latina no pós-guerra foi compreender o subdesenvolvimento. Falar em desenvolvimento era falar também em seu contrário, uma vez que relações insuspeitas foram sendo descobertas entre as duas realidades.
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O interesse em explicar o desenvolvimento das nações deu origem às teorias do crescimento econômico, restritas aos domínios da Economia; os esforços para explicar o subdesenvolvimento deram origem às