rosseau - os devaneios de um caminhante solitário
Os devaneios de um caminhante solitário é uma obra póstuma, publicada quatro anos após a morte de Rousseau. Este grande testamento inacabado é considerado pelo próprio autor como a conclusão de sua trabalho.
Diferentemente de seus outros escritos onde Rousseau faz analises politicas, em Os Devaneios de um Caminhante Solitário ele registra suas impressões da sociedade em decorrência do isolamento em que vivia, além de se defender das criticas que sofreu por causa das suas obras e da sua condição humanista.
A obra se divide em dez caminhadas, como se cada uma correspondesse a uma trilha filosófica reflexiva, onde ele aborda diversos temas como a mentira, a felicidade, a solidão, a meditação e a hipocrisia. Rousseau transfere para o papel tudo o que sentia e pensava a respeito desses assuntos, utilizando a linguagem cristalina e poética que caracterizou boa parte de suas principais obras.
Rousseau se empenha em registrar os movimentos de sua alma e para tal ele, naturalmente, no transcorrer desses devaneios, recobra alguns fatos e acontecimentos de sua vida.
É possível notar nessa obra uma melancolia por parte do autor, como se ele estivesse extremamente decepcionado pelo isolamento e a rejeição em que vivia.
“É dessa época que posso datar minha total renúncia ao mundo e esse gosto vivo pela solidão que não me abandona desde então. A obra que iniciava só poderia ser realizada em retiro absoluto; exigia longas e serenas meditações que o tumulto da sociedade não permitia. Isso me obrigou a levar por algum tempo outro modo de viver, no qual logo me senti tão bem que, tendo-o interrompido apenas à força e por poucos instantes, retomei-o com todo o meu coração e a ele me limitei sem dificuldade assim que pude, e quando a seguir os homens me obrigaram a viver sozinho, descobri que ao me isolarem para me tornar miserável eles haviam feito mais por minha felicidade do que eu soubera fazer por mim mesmo.” (terceira caminhada) A