Rio das pedras
A favela de Rio das Pedras está localizada na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, entre os bairros da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, e chama a atenção por duas características marcantes: a presença maciça de imigrantes nordestinos e a ausência do tráfico de drogas. O fato de estar numa área plana facilita bastante a circulação, tanto internamente quanto no acesso de moradores de bairros adjacentes.
De formação recente (final da década de 1960) e de expansão acentuada nas décadas de 1980 e 1990, seu crescimento parece estar muito ligado à dinâmica de expansão dos bairros entre os quais se localiza. O Censo de 2000 indicou uma população de 40 mil moradores, já em 2005 jornais apontavam para números variando entre 60 e 110 mil habitantes. Moutinho revela um pouco da história da favela, a partir da trajetória de uma família de “pioneiros” da região relatada por seu primogênito:
Como outros do período, o avô de Antônio veio do norte fluminense, chegou à região em 1956 e junto com cerca de outras treze ou quatorze famílias a “desbravaram como bandeirantes: entraram, não tinha dono e eles ficaram”. A narrativa de Antonio e sua força dentro da comunidade se apóiam, sobretudo, no tempo de moradia e na tradição de sua família no local.
A respeito da ascensão de sua família, o entrevistado dedicou especial “ênfase no trabalho com deslocamento para a área do comércio e aluguel de imóveis na própria Rio das Pedras”. Época coincidente com o crescimento imobiliário registrado a partir dos anos de 1970, com a expansão da Barra da Tijuca, e de intensificação da migração nordestina para o Rio de Janeiro, este relato nos permite ter uma idéia da influência dos imigrantes na conformação dessa localidade e de como tais pioneirismos, “desbravamento” e tradição são articulados na construção da identidade local. O controle de todo o território, desde os primórdios de sua ocupação, concentra-se nas mãos