Ricardo Reis
Nasceu no Porto a 19 de Setembro de 1887, sendo um dos quatro heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa. Este heterónimo foi imaginado de relance pelo poeta, em 1913, quando lhe veio à ideia escrever uns poemas de índole pagã. Ricardo Reis foi educado num colégio de jesuítas e formou-se em Medicina. Fisicamente é “um pouco mais baixo, mas forte, mais seco” do que Caeiro e é “ um vago moreno”, de cara rapada. É um poeta clássico, de serenidade epicurista e que aceita, com calma e lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas as coisas. “Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio”, “Prefiro rosas, meu amor, à pátria”, “Segue o teu destino” e “Carpe Diem” são poemas que nos mostram que este discípulo de Caeiro aceita a antiga crença nos deuses, enquanto disciplinadora das nossas emoções e sentimentos, mas defende, sobretudo, a busca de uma felicidade relativa alcançada pela indiferença à perturbação. Nas suas composições poéticas, o poeta expõe a sua visão paganista. Para o heterónimo de Fernando Pessoa, o paganismo é uma forma de se proteger das suas inquietações, procurando nos antigos um modelo para a sua vida. Reis acredita que o Homem está dependente dos deuses, contudo, acima deles há o destino (Fado), a quem os homens e deuses se submetem voluntariamente. Assim, podemos afirmar que Ricardo Reis foi um poeta pagão que, com a consciência da efemeridade da vida, tentou aproveitar e viver o momento presente, mas sempre de uma forma muito tranquila, sem excessos e com uma grande autodisciplina. A filosofia da obra Ricardo Reis, tal como diz Frederico Reis, «Resume-se num epicurismo triste…». O epicurismo é tão somente uma doutrina que defende que o caminho para a felicidade se resume à serenidade alcançada através de uma atitude serena. Então é possível encontrar a influência de Horácio e da sua filosofia, pois ambos são adeptos do Carpe Diem, no entanto, Reis usufrui do momento sempre equilibradamente,