REVOLUÇÃO RUSSA

Richard Pipes

Nascido em Cieszyn, na Polônia, em 1923, Richard Pipes deixou Varsóvia após a invasão alemã na Segunda Guerra Mundial e mudou-se para os Estados Unidos. Historiador emérito da Universidade de Harvad, o autor é especialista em história da Rússia. No início da década de 1980, foi consultor do governo norte-americano para assuntos soviéticos e do Leste Europeu. Em 1992, Pipes testemunhou no Tribunal Constitucional Russo contra os crimes do Partido Comunista soviético. Politicamente, entretanto, define-se como um anarquista conservador. Richard Pipes também é autor de Propriedade e liberdade e O comunismo.

INTRODUÇÃO

A palavra “revolução” guarda uma etimologia interessante. Em resposta aos sociólogos soviéticos, os camponeses russos disseram que, para eles, o termo significava samovólschina, algo que se aproxima a “fazer o que se quer”. Na publicidade moderna, “revolucionário” é o “radicalmente inovador” e, por ilação, “aperfeiçoado”. Já no discurso cotidiano, a expressão quer dizer “drasticamente diferente”. Assim, seria difícil imaginar que o vocábulo foi pela primeira vez empregado em estudos de astronomia e astrologia.
“Revolução” deriva do latim revolvere – “revolver, girar” – cuja origem se associa ao movimento dos planetas. O grande tratado de Copérnico, que deslocava a Terra do centro do universo, intitulou-se Sobre a revolução dos corpos celeste. Da astronomia, o verbo passou ao vocabulário dos astrólogos, que reinvidicavam a habilidade de predizer o duturo a partir do estudo do céu. No século XVI, a serviço de príncipes e generais, eles se referiam à “revolução” para designar eventos abruptos e imprevistos, determinados pela conjunção dos planetas – ou seja, por forças fora do alcance humano. Dessa forma, de um significado científico, concebendo regularidade e repetição, ao relacionar-se às questões sociais o termo passou a indicar o oposto,